Numa periodização histórico-cronológica da filosofia, em Aristóteles, a metafísica estaria no patamar de um saber que está para além de qualquer ciência, e que se apresenta como uma filosofia primeira que conhece os primeiros princípios (ou últimos), no intuito de fundamentá-los. Em outras palavras, a metafísica seria o conhecimento das causas primeiras, a pura sabedoria.

Já no período moderno, as reflexões voltam-se para o próprio ser pensante, isto é, para a autonomia da razão, a valorização das ciências e também a investigação de objetos inevitáveis à razão humana, como a relação corpo e alma, a existência de Deus e os afetos humanos e divinos. Embora estes eram tidos como impotências humanas e eram desvalorizados, é partir de alguns autores modernos, como Descartes e, posteriormente, com Espinosa, que os afetos passam a ser vistos como algo natural e dignos de estudo. É justamente com René Descartes que o espírito humano se constitui de fato como ponto central da metafísica, e como ponto de partida para a fundamentação das ciências. A partir da dúvida hiperbólica têm-se a suspensão do juízo, as coisas não são todas tidas como falsas, mas suspende-se o juízo até as bases do conhecimento serem firmadas para que assim possam servir como pressuposto sólido de validação.

Da busca do sentido do ser enquanto tal ao das estruturas gerais da realidade, o estudo acerca de questões metafísicas concorre com o próprio estudo do pensamento filosófico. Como um fio condutor que perpassa desde as investigações de autores e autoras da tradição do pensamento ocidental às investigações contemporâneas agregam reflexões que estão para além de uma, possível, resposta à questão heideggeriana Que é Metafísica? em um sentido determinado apenas pela própria filosofia.

É nesse sentido, pois, que o VII Encontro Nacional de Pesquisa na Graduação em Filosofia da Universidade de Brasília tem como temática as ressonâncias e dissonâncias entre metafísica(s), seja a partir de um ponto de vista de discussões de problemas desde as origens do pensamento ocidental ao pensamento contemporâneo.